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Mostrando postagens de fevereiro, 2010

Saudade...

Descobri que saudade é igual cebola, vem em camadas... Quando perdemos alguém ou somos forçados a dar um "tchau" mais longo, começamos a sentir saudade dos beijos, abraços, do contato que tínhamos com essa pessoa. Depois essa saudade passa e vem aquela que nos faz sentir falta da convivência. Depois da palavra. Depois do cheiro. Depois do olhar. E assim vai indo até que nos resta a saudade da pessoa, só dela. O mais legal (ou cruel) disso tudo é que, ao contrário da cebola, as camadas se renovam: quando chegamos ao ponto de nutrirmos saudade apenas da pessoa, volta a saudade dos beijos, abraços, contato, convivência, palavra, cheiro, olhar... E enquanto essa roda da fortuna fica girando, a gente fica aguardando o momento de matar toda essa saudade e construir novos caminhos, tomar novos rumos, decidir novas estratégias, mas sem ter essa falta a nos afligir. Xiiiii... devaneei agora... Fui (mas volto)!!!

Tentando entender Clarice...

Gosto de Clarice Lispector desde há muito tempo. Antes mesmo de fazer a faculdade de Letras, já era apaixonada por ela, mas nunca entendi por que. Lia seus textos e achava que sua escrita ia muito adiante do seu tempo. Quando relia esses mesmos textos, achava que se encaixavam perfeitamente a sua época... aí começava o paradoxo: como gostar de alguém que não se conseguia entender??? Continuei gostando, continuei lendo... mesmo sem entender o porquê de tanta admiração, permanecia admirando. Eis que, numa crônica, na qual ela conseguia conciliar um acontecimento diuturno (o extermínio de um assassino) com aspectos sociológicos, jurídicos e diversos outros que me escapam, construindo um texto magistral, ela se revela no último parágrafo "O que eu quero é muito mais áspero e mais difícil: quero o terreno." Até chegar nesse desejo, houve toda uma desconstrução, linha por linha, tijolo por tijolo. E o que ela queria era justamente isso, a desconstrução, a crueza. Ela queria o real