Há determinadas qualidades que, sabe-se lá por que, transmutam-se em defeitos. Infelizmente a ironia está entre elas. Trata-se de um recurso estilístico que permite ao autor de frases ou textos mais complexos em manter a elegância mesmo quando a situação não recomendaria discrição. Ao irônico, o ruim é ter de "explicar a piada", para que o alvo da ironia possa tentar entender o que se passa. Entretanto, ironicamente, essa displasia mental pode ser extremamente deliciosa, quando o objetivo é deixar o outro à deriva. Confesso que, apesar de muitas vezes ser irônica, também tinha um certo receio em me fartar dessa qualidade. Isso durou até semana passada, quando vi que até Madre Teresa tinha seus lampejos de ironia, o que fez alçar Machado de Assis, Nelson Rodrigues e tantos outros autores maravilhosos à condição de quase santos. Certa feita, Madre Teresa respondeu ao comentário de um determinado senhor que afirmava não dar banho num leproso nem por um milhão de dólares. A elega...