Um (infeliz) acontecimento

Nesta terça-feira, uma amiga muito querida presenciou algo chocante, que a fez refletir e a chegar a algumas tristes conclusões. Sinto muitíssimo pela vítima, por minha amiga e, principalmente por nós mesmos.

Acontecimento
por Alcione de Paula

Hoje, presenciei uma cena que ainda não consegui substantivar ou ainda adjetivar... Estava eu dentro do ônibus... E em meio aquele engarrafamento na altura de Sobradinho uma mulher dá sinal para descer... O motorista do ônibus parou, na via, perto da parada, mais especificadamente na faixa da direita... Abriu a porta... Assim que abriu a porta a passageira desceu... Vem um carro pelo acostamento (ao que me pareceu na velocidade da via!). Não vi nada, somente ouvi um grande barulho de freio, com gente, misturado com gemido de dor. Alguém do ônibus grita: “Ai, meu Deus!”.

Alguém do meu lado diz: É minha vizinha. Pega o telefone liga pra família para avisar... A família recebe a notícia... O alguém desliga... Não diz mais nenhuma palavra.

Eu digo: que cretino andando pelo acostamento! Logo, outro alguém toma partido, tentando achar um culpado: O motorista do ônibus deveria ter parado na parada! Calo-me. Não quero encontrar culpados...

O motorista do ônibus - acho que - olha pelo retrovisor faz uma pequena manobra para não passar por cima da mulher agonizante. Continua o percurso. Ninguém reclama. Faz-se silêncio.

O que me espanta nessa cena é a indiferença!

A mulher fica no chão. Outro alguém que estava na parada tenta ajudar, pergunta algo para mulher no chão que eu não consigo identificar...

Que estranho... Percebo que estamos cada vez mais alheios a dor do outro. Trancados no nosso individualismo.

Diante daquele quadro pintado em cores cinza (Nada fácil de ver!) fiquei pensando: sobre a bondade, sobre o direito – ciência viva! – sobre o próximo, sobre os ensinamentos da minha mãe: “Filha, seja gentil com as pessoas, ajude o próximo...”

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