Porque até Madre Teresa tinha seus lampejos de ironia...

Há determinadas qualidades que, sabe-se lá por que, transmutam-se em defeitos. Infelizmente a ironia está entre elas.

Trata-se de um recurso estilístico que permite ao autor de frases ou textos mais complexos em manter a elegância mesmo quando a situação não recomendaria discrição.

Ao irônico, o ruim é ter de "explicar a piada", para que o alvo da ironia possa tentar entender o que se passa. Entretanto, ironicamente, essa displasia mental pode ser extremamente deliciosa, quando o objetivo é deixar o outro à deriva.

Confesso que, apesar de muitas vezes ser irônica, também tinha um certo receio em me fartar dessa qualidade. Isso durou até semana passada, quando vi que até Madre Teresa tinha seus lampejos de ironia, o que fez alçar Machado de Assis, Nelson Rodrigues e tantos outros autores maravilhosos à condição de quase santos.

Certa feita, Madre Teresa respondeu ao comentário de um determinado senhor que afirmava não dar banho num leproso nem por um milhão de dólares. A elegante senhora (elegante na postura e não nas vestes) respondeu: "O senhor não daria banho a um leproso nem por um milhão de dólares? Eu também não. Só por amor se pode dar banho a um leproso."

Observem, leitores, a humilde freira manteve a sobriedade e a altivez sem se furtar em dar seu recado cristão.

Por não ter a mesma elegância, altivez e santidade de Madre Teresa, minha ironia nem sempre possui o condão de ensinar algo. Na maior parte das vezes, ela apenas visa a colocar determinados assuntos ou indivíduos em seu devido lugar. Entretanto, em (des)virtude da limitação de alguns, não consigo alcançar meu intento. Isso não me deixa chateada, apenas corrobora minha tese de que, para se fazer ironia é necessária muita inteligência e perspicácia; para entendê-la, precisa-se do dobro da medida.

Finalizando essa ode em forma de prosa à ironia, seguem algumas frases deliciosamente irônicas (se você não entender alguma(s), não se entristeça, provavelmente você está cercado de indivíduos que igualmente precisariam da tecla SAP):

Os verdadeiros suicidas da intelectualidade, não são os que desprezam com cinismo a literatura (e caminham em passos largos pra o abismo da ignorância), mas são aqueles que mesmo tendo uma vida devotada aos livros, revistas e jornais; têm preguiça de pensar

... Marcela amou-me durante quinze meses e onze contos de réis ...
(esta é batida, mas a adoro!!!)

Não te irrites se te pagarem mal um benefício; antes cair das nuvens que de um terceiro andar. (com uma pitadinha de sarcasmo)

Dentre as manias que eu tenho, uma é gostar de você. Mania é coisa que a gente tem mais não sabe por que.

O artista tem que ser gênio para alguns e imbecil para outros. Se puder ser imbecil para todos, melhor ainda.

Invejo a burrice, porque é eterna.

Convém não facilitar com os bons, convém não provocar os puros. Há no ser humano, e ainda nos melhores, uma série de ferocidades adormecidas. O importante é não acordá-las.
(tá, não é irônico em último grau, mas traz um alerta bastante profícuo)

Não confunda jamais conhecimento com sabedoria. Um o ajuda a ganhar a vida; o outro a construir uma vida. (ok, esta só é válida para quem tem uma vida própria, de preferência)

Vou cuidar da minha saúde, porque da minha vida tem muita gente cuidando


E a cereja do bolo: campanha pela vida, cada um cuida da sua. Adira você também!!!

Sem mais, fui!!!

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