Homem é tudo igual... mulher também!!!

Como os que me acompanham sabem, estou cursando a faculdade de Direito na (A, E, I O) UDF. Pois bem, dois fatos me chamaram a atenção nesse maravilhoso estabelecimento de ensino.

O primeiro foi quando dancei no evento comemorativo dos trinta e tantos anos da faculdade. Prevendo a reação dos homens e por ter dançado num local não muito apropriado à dança do ventre, resolvi utilizar um vestido como traje, em vez do tão famoso conjunto "cinturão e sutiã", mas guardava a sincera esperança de, por estar dançando para um grupo de universitários, os comentários seriam mais elaborados que os ordinariamente propalados. Ledo engano... já, de cara, fui obrigada a ouvir um "mas tu é gostosa mesmo". Além do acinte à Lingua Portuguesa, qualquer peão arrotaria algo semelhante. (Ah, detalhe, eu ainda não tinha começado a dançar, apenas havia tirado a capa). Lógico que, com toda a finesse que me é peculiar, resolvi coçar meu cabelo somente com o dedo médio e, curioso, meus dedos indicador e anular formavam, cada um, uma bola!!!

O outro fato foi uma discussão na aula de Filosofia Geral. Ouvi de meus colegas de classe coisas que remetiam a "lugar de mulher é em casa cuidando dos filhos". E, óbvio, expus que lugar de mulher é onde ela deseja estar: se quer trabalhar, trabalhe; se quer estudar, estude; se quer ficar em casa cuidando da prole, que fique. A cada ponto de vista, eu defendia que não é mais assim e não dá mais pra ser assim, mulher tem que pensar, tem que ter e batalhar pelas oportunidades, e, diferente do pensamento de muitas executivas, elas não precisam se masculinizar, não têm de ser extremamente competitivas; têm de estudar, pensar, saber argumentar. Homem que busca mulher submissa (outro ponto que eles defendiam acaloradamente: a mulher tem de ser submissa ao homem) não confia no próprio taco. O curioso não foi a defesa em si (minha, no caso), mas no fato de que eu fui a única a abrir a boca para argumentar!!! O resto da mulherada (metade da sala) ficou calada!!!

Ambos os fatos (aliados a um terceiro que contarei daqui a pouco) fizeram-me chegar à seguinte conclusão: eu assusto as pessoas. Assusto homens e mulheres. Aqueles por não me encaixar no padrão da "mulher-vaca-de-presépio" que eles desejam e a estas por não ser a "mulher-vaca-de-presépio" que elas são. Entretanto, passo longe, muito longe, da revolucionária que idolatra feminista (aliás, detesto feminista) e daquela frustrada que é presidente de multinacional e só falta mijar em pé. Gosto (muito) de ser mulher, mas a mulher que eu sou e não a mulher que esperam que eu seja, gosto do fato de pensar, amo saber expor minhas opiniões, adoro ver que tenho inteligência. Sou diferente, extremamente diferente de muitas mulheres que conheço (aliás, nunca conheci uma que se parecesse comigo!!!).

O terceiro fato foi que, após a aula, os defensores da "mulher-cama-mesa-e-banho" foram conversar comigo no corredor, conversa boba, nada sobre a aula. Eis que ouço de um deles "olha, essa daí não se dobra não, viu?". Dobrar pra que, dobrar pra quem??? Dobrar seria abrir mão do que eu penso ou do que eu sou para me tornar o que outro quer e pensar como ele deseja que eu pense??? Se for isso, realmente não me dobro.

Bom, pelo menos os embates serviram para me mostrar porque as pessoas simplesmente fogem de mim, eu as assusto!!! Sou o bicho-papão das histórias infantis. Meu consolo é saber que meu filho, por ter a mãe que tem, não vai se assustar ou se sentir ameaçado quando encontrar uma mulher que tem cérebro. Se não servir para ser a mulher ideal, pelo menos serei uma excelente mãe: aquela que desmistificou o bicho-papão (vulgo "mulher pensante") para o filho.

Até a próxima!!!

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