Tolerância zero + imaginação fértil = nova fábula

Ultimamente ando um tanto indócil, mas vou vivendo. O bom é que minha imaginação fértil colabora (e muito) para achar que tudo poderia ser contado de maneira diferente. Aliado a tudo isso, ainda estou lendo Schopenhauer (e tentando entender se o Olavo de Carvalho está fazendo autopropaganda nos comentários ou se está apenas comentando mesmo). Nessa miscelânea toda, eis que assisto ao filme Peter Pan (3 x, como convém a meu filho). Well, o resultado dessa mistureba toda começa no próximo parágrafo. (Vale lembrar, não contem esta historieta a seus filhos, a não ser que seu plano de saúde cubra as consultas com terapeutas).

"Era uma vez, uma terra muito bonita chamada Nevermind (Nem Pensar!), que outrora chamara-se Neverland (Terra do Nunca, pois lá nunca nada dava certo). (Calma, Michael Jackson e seus meninos achados não fazem parte desta história). Neste maravilhoso lugar non sense vivem um monte de seres encantados (fadas, piratas, jacarés comedores de celulares, sereias...).

Não, esta terra não era encantada somente em virtude desses singelos seres. Anos antes, houve uma ampla revolução político-social na qual foram expulsos os sapos e seus parentes, a Antatel e todos os seres desprovidos de cabelos. Toda a sujeira deixada por estes malvados foram dadas ao único jacaré que foi admitido no local. Sendo uma narradora sincera, os seres malvados também entraram no cardápio.

Durante a dita revolução, nasceu Peter Pan. Ele não nasceu exatamente lá, ele é um ex-duende que se cansou da Shosha e pediu asilo político no local. Logo que chegou a Nevermind, foi adotado pelas fadinhas, que lhe deram acesso amplo geral e irrestrito a um pozinho mágico que lhe permitia voar (não, isso não tem nada a ver com tráfico de drogas. O pozinho era legal). De tanto se empanturrar desse pó, conseguia voar a grandes distâncias.

Dentre as fadas, uma logo se tornou sua amiga: Simzinho. Era uma fadinha muito bacana, mas tinha um grave defeito, só dizia "sim" (inclusive no referendo que proibiu a comercialização de estilingues no local). Outro defeito que logo se pronunciou foi a ostensiva adoração por Peter Pan, mas, como todo menino que se preze, Peter sequer tomava conhecimento de Simzinho e da paixão que ela nutria por ele.

Certa feita, Peter e Simzinho resolveram ir além das fronteiras de Nevermind e conhecer outras paisagens. Nesta viagem, Peter se viu admirando um ser diferente dos que vira em Nevermind. Parecia-se com Simzinho, mas diferia nos trajes (Simzinho era adepta de fagodes, faxés e outros estilos contra-musicais que perduravam em Nevermind) e não possuía asas. Seu nome era Windy. Windy adorava contar história a seus irmãozinhos. Todavia, não imaginava que outros também se extasiavam com suas inocentes histórias.

Criando coragem, Peter Pan adentrou o quarto da moçoila e a convidou para fugir com ele para Nevermind. Simzinho ficou possessa e, pela primeira vez na vida, recusou-se a doar seu precioso pozinho para levar aquela desmilinguida para sua amada terra natal. Peter, ameaçando banir de Nevermind o conjunto favorito da fadinha (o Fadypso), não deixou muita opção a Simzinho a não ser voltar a dizer "sim". Assim, Windy foi com Peter à Nevermind (não, ela não levou os irmãos... sabe como é, crise orçamentário-financeira).

Lá chegando, Peter Pan deu ouvidos a seus genes machistas e logo colocou Windy para cuidar dos garotos perdidos e da imeeeeeeeeeeeeeeeeeeeensa casa que os abrigava, além de ter de inventar histórias mais emocionantes, pois as fábulas não faziam muito sucesso entre a criançada. Como era uma menina muito imaginativa, logo inventou historinhas como "Iraque, a sucursal do inferno", "Rei Bush e a conquista do Saint Oil", "O sapo que jurava que era príncipe", e a preferida dos garotinhos "Brasil, o país da pizza".

A situação de Windy era tão triste, tão triste que até Simzinho se compadeceu. Como uma fadinha só não faz verão e querendo se ver livre da rival, Simzinho une-se ao Capitão Gancho para levar Windy de volta ao lar e aos seus, agora, felizes irmãozinhos (que, de uma hora para outra, viram-se livres das histórias de ninar, tais como "Brasil, o país do futuro", "Conselho de Ética na Câmara dos Deputados", "Crescimento econômico", "A esperança venceu o medo" e "A febre aftosa debelada").

A idéia da fada e do pirata dependeria do auxílio das sereias, pois estas tinham um poder que nenhum outro ser de Nevermind possuía: o poder de transformar os homens (de dia, eles a detestavam, mas, à noite, eram convidadas por eles para uma festinha num flat qualquer). Foram, então, ter com a rainha das sereias Jeanny Fisher Water (vai dizer que Jeanny Mary Corner é melhor???). Jeanny, concordou com a seguinte condição: queria ir com Windy (adivinha onde a sereia veio parar???). Selado o acordo, Jeanny pediu uma audiência com Peter, na qual ameaçou divulgar os nomes de seu lindo caderninho.

Para adiantar o final da história (que eu já tô morrendo de sono):
Simzinho: abandonou Peter Pan, uniu-se com Capitão Gancho, e montou uma banda de brega (fazendo jus ao seu estilo) em Nevermind. Continua dizendo "sim".
Jeanny Mary Fisher: optou por viver num país tropical e manteve seu poder mágico. Sua agendinha é disputada a tapa.
Jacaré comedor de celular: é, ele não entrou na história, mas está muito feliz com o que resta da Antatel.
Windy: é professora de Filosofia da USP e continua contando histórias da carochinha.
Os irmãos de Windy: com a volta da irmã, fugiram de casa. Atualmente, estão negociando com a Telemerd a venda de sua empresa de publicidade.
Peter Pan: virou criador de gado em Mato Grosso do Sul.
Os garotos de Nevermind: revoltados com os latifúndios de seu antigo mestre, uniram-se e fundaram o MST. Até hoje eles acreditam em sapos.
As sereias de Jeanny: conseguiram participação em programas e filmes de Shosha"

Até a próxima!!!

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