Buscas e acharás...

Certamente, quem disse isso não estava pensando em buscar livros decentes para os filhos.

Tenho um filho de 6 anos e ele adora que eu leia histórias. Como já me cansei dos contos de fada que todos conhecem (Chapeuzinho Vermelho, Branca de Neve, etc...), resolvi tentar achar algo que se adequasse à idade dele (livros com muitas gravuras e historinhas breves e interessantes). Fui à Livraria Siciliano. Tirando os livros toscos (aqueles que tratam as crianças feito idiotas) e os evangélicos, dá pra reduzir sua busca a 10% (margem otimista) do estoque da livraria. Desses 10%, tentei achar alguns que se adequassem à faixa etária do meu filho (aí, vc terá 0,5% do total - margem, mais uma vez, otimista). Resultado: acabei comprando 3, sendo que um são as fábulas de Esopo (ainda é melhor que as historinhas da carochinha).

Já um tanto quanto decepcionada, fui consultar os preços. Caramba!!! Fazer seu filho gostar de ler (coisa que preste, claro) custa caro!!! Esse é um dos motivos que me deixam revoltada quando dizem que o povo não gosta de ler. Ué, se o livro é caro à beça, ninguém tem que gostar mesmo não!!! Livros são ótimos, ensinam muito, aumentam a sua cultura, o seu conhecimento, auxiliam no desenvolvimento do raciocínio, da imaginação, mas não enchem barriga (a não ser a do autor, dos editores e, no caso dos livros infantis, dos ilustradores). Um livrinho merreca da Dad Squarisi, sobre os deuses da mitologia greco-romana, custava R$ 20,00!!! Por R$ 71,80, consegue-se comprar a Ilíada e a Odisséia, transcritas para a linguagem infantil por Ruth Rocha (só não comprei, porque, além de a grana estar curtíssima, o livro está além da faixa etária do Marco. Mas, já os coloquei na minha listinha de compras). Moral da história: por menos de R$ 30,00, não se compra nada decente (em termos literários) para os filhos. (Se é assim com os meninos, imagine com os adultos!!! Somos e continuaremos sendo por um booooooooooooooooom tempo um país de burros!!!).

Falando em leitura, fiz as pazes com Fustel de Coulanges. A cidade antiga é realmente muiiiiiiiiiiiiiito interessante (trata da origem dos direitos civis e políticos. Ao contrário do que se pensa, eles advêm do culto aos mortos. Muito bom, recomendo), mas a edicão* que estou lendo é uma droga. Letras pra lá de miúdas, notas de rodapé microscópicas, sem contar a falta de capricho da editora (cada capítulo tem entrelinhas diferentes, impressão terrível, palavras com letras mal-impressas, etc...). Por isso, deixei o livro de lado por algumas semanas (mas livro bom, chama o leitor. Você pode passar anos enrolando, mas o livro está lá, tentando você a voltar a lê-lo. E esse sacana me desafiou!!!). O jeito é continuar lendo, e, após, consultar o oftalmologista pra ver se a miopia não voltou.

Ah, façamos justiça aos pocket books, os preços são atrativos, mas a edição é horrível (aqui, enche-se a barriga do oftalmologista)!!! Assim que foram lançados, os títulos pareciam ter sido selecionados. Todavia, agora tem até livro de receitas no formato pocket! Mas ainda não virou bandalheira. Já os livros com conteúdo de merda, mas com uma edição razoável, saem por menos de R$ 25,00. (É por essas e por outras que o PC da literatura entrou na ABL!!!)

Até a próxima!!!

* COULANGES, Fustel de. A CIDADE ANTIGA. Ed. Hemus: 2002.

Comentários

  1. Sem desmerecer o restante do post, gostei da, digamos, ligação do título com a primeira linha. Bem divertido mesmo. Ironia em ótima medida! Lembrou um pouco o Mark Twain, que vc disse ter lido há vários posts.

    Já quanto às edições de m**** (não escrevo palavrões, embora fale-os muito), inclua nesse balaio umas ediçõezinhas da Martin Claret dos 'clássicos universais'. Principalmente pelas péssimas traduções que contém.

    No mais, gosto do seu blog. Um abraço.

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  2. Olha, nem sei como responder a esse comentário. Estou lisonjeadíssima!!! Você acaba de meu salvar do mau humor que me atacava (por conta da busca infrutífera. Sim, comprei alguns livros para meu filho, mas, cruzes, é mais fácil encontrar diamante em Serra Pelada que livros decentes naquelas prateleiras. E olha que a Siciliano é considerada uma das melhores livrarias do país. Por favor, nem tente imaginar o restante.).

    Putz, e não é que comprei algumas edições da Martin Claret? Por enquanto só li "O Príncipe" de Maquiavel. Será que você poderia me indicar uma edição melhor deste livro? (ou me mandar um de presente :oD. Brincadeira...).

    Fico muito (mas muito) feliz em saber que você gosta do meu blog, obrigada mesmo.

    Um abraço!

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