Linguagem

Quando estudava Letras, disseram-me o óbvio: a função primordial da Língua é a comunicação. Ou seja, num diálogo, numa conversação ou n'algo que o valha, tanto o interlocutor quanto o emissor devem compreender a mensagem passada.

Todavia, o tal óbvio fez-me "descobrir a América", pois a língua e, por conseqüência, a linguagem, vem sendo utilizada para "botar banca". É comum observar pessoas usando (muitas vezes erroneamente) termos rebuscados, no intuito de exibir sua prentensa "cultura". Se eu uso termos rebuscados, construções complicadas? Claro!!! Uso-os sem medo num trabalho acadêmico. Fora disso, não, não uso.

Afunilando ainda mais o assunto, aliemos Direito e esse exibicionismo. Creio que todos sabem que, nos processos em que determinada pessoa figura como réu, ELA tem o direito de saber do que está sendo acusada. Por que frisei "ela"? Simples, porque a maioria dos acusados não tem a menor idéia de suas acusações, devido ao exibicionismo lingüístico de advogados, juízes, etc. Todos eles sabem do que se trata a acusação, menos a quem mais interessa: o acusado. Seu advogado "traduz" o que vem escrito na notificação, na intimação, na sentença, etc., pois o emissor de qualquer desses documentos acha bonito "falar difícil". (diga-se de passagem, às vezes nem o "tradutor" sabe direito do que se trata a acusação. Mas você realmente acha que ele vai admitir isso???)

Há até uma piadinha sobre o tema:

"Diz a lenda que Rui Barbosa, ao chegar em casa, ouviu um barulho estranho vindo do seu quintal. Chegando lá, constata haver um ladrão tentando levar seus patos de criação. Aproxima-se vagarosamente do indivíduo e, surpreendendo-o ao tentar pular o muro com seus amados patos, diz-lhe:

-Oh, bucéfalo anácrono! Não o interpelo pelo o valor intrínseco dos bípedes palmípedes, mas sim pelo ato vil e sorrateiro de profanares o recôndido da minha habitação, levando meus ovíparos à sorrelfa e à socapa. Se fazes isso por necessidade, transijo; mas se é para zombares da minha elevada prosopopéia de cidadão digno e honrado, dar-te-ei com minha bengala fosfórica bem no alto da tua sinagoga, e o farei com tal ímpeto que te reduzirei à qüinquagésima potência que o vulgo denomina nada.

E o ladrão, confuso, diz:

- Doutor, eu levo ou deixo os patos?"

Até a próxima!!!

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