Inteligência assusta...

Antes de mais nada, post longo, porém instigante.

Sim, caros leitores, é uma verdade!!! A inteligência assusta.

Já estava pensando em escrever um post sobre isso, mas, navegando pelo orkut, achei bárbaro este tópico:

"Quando Winston Churchill, ainda jovem, acabou de pronunciar seu discurso de estréia na Câmara dos Comuns, foi perguntar a um velhor parlamentar, amigo de seu pai, o que tinha achado de seu primeiro desempenho naquela assembléia de vedetes políticas. O velho pôs a mão no ombro de Churchill e disse, em tom paternal: "Meu jovem, você cometeu um grande erro. Foi muito brilhante neste seu primeiro discurso na Casa. Isso é imperdoável! Deveria ter começado um pouco mais na sombra. Deveria ter gaguejado um pouco. Com a inteligência que demonstrou hoje, deve ter conquistado, no mínimo, uns trinta inimigos. O talento assusta". Ali estava uma das melhores lições de abismo que um velho sábio pôde dar a seu pupilo que se iniciava numa carreira difícil. Isso, na Inglaterra. Imaginem aqui, no Brasil.

Não é demais lembrar a famosa trova de Ruy Barbosa: "Há tantos burros mandando em homens de inteligência que, às vezes, fico pensando que a burrice é uma Ciência". A maior parte das pessoas encasteladas em posições políticas é medíocre e tem um indisfarsável medo da inteligência. Temos de admitir que, de um modo geral, os medíocres são mais obstinados na conquista das posições. Sabem ocupar os espaços vazios deixados pelos talentosos displicentes que não revelam o apetite do poder. Mas é preciso considerar que esses medíocres ladinos, oportunistas e ambiciosos têm o hábito de salvaguardar suas posições conquistadas com verdadeiras muralhas de granito por onde talentosos não conseguem passar. Em todas as áreas encontramos dessas fortalezas estabelecidas, as panelinhas do arrivismo, inexpugnáveis às legiões dos lúcidos. Dentro desse raciocínio, que poderia ser uma extensão do "Elogio da Loucura", de Erasmo de Roterdan, somos forçados a admitir que uma pessoa precisa fingir-se de burra, caso queira vencer na vida."

Como minha colega de comunidade deu um excelente exemplo, resta-me, tão somente, fazer uma parca análise do mito de Atena ou Minerva, como queiram (esse era o mote de minhas idéias, mas já que a moça deu-nos o brilhante exemplo acima, tomei a liberdade de transcrever seu texto para complementar o post).

Segundo noticia a mitologia greco-romana, Minerva era a deusa da sabedoria, da inteligência, a quem muitos deuses, heróis e homens recorriam para resolver seus conflitos. É sabido que todos os deuses nasceram de forma curiosa (partos eram coisas raras entre os moradores do Olimpo). Entretanto, nenhum nascimento era doloroso ou complicado. Nenhum representava transtorno a seus pais. Com a deusa da inteligência, a coisa deu-se de modo diverso. Segundo reza a lenda, Júpiter (ou Zeus) foi acometido de um intensa dor de cabeça. Solicitou a Vulcano que partisse sua cabeça. Ao rachar o crânio de Júpiter, eis que nasce Minerva.

Fazendo uma parca análise do nascimento de Minerva, podemos observar que, antes mesmo de surgir no Olimpo, a deusa causou intensa dor no deus dos deuses. Do mesmo modo, a mera aparência, atualmente, causa constrangimento aos inteligentes. São julgados simplesmente por parecerem inteligentes.

Pior a coisa fica quando a aparência da pessoa é de alguém tido por normal ou até mesmo burra. Quando a inteligência se revela, seus outrora companheiros afastam-se. Quanto mais inteligente se é, mais sozinho se fica. Pessoas medíocres não vêem n'alguém inteligente a oportunidade de aprenderem um pouco mais, e sim o temor de se verem subjugados.

Tem-se o funesto costume de se alijar os inteligentes e aclamar os medíocres. Estes, em hipótese alguma, representarão uma ameaça a quem quer que seja; já aqueles... Para legitimar a aclamação, são cobradas atitudes que, erroneamente, dariam um quê de sabedoria aos pobres de espírito. Convencionalmente chamamos essas legitimações de "diplomas". Valoriza-se mais o papel que a capacidade. Assim, existem "mestres" e "doutores" que às vezes sabem menos que graduandos ou mesmo estudantes de segundo grau.

Não satisfeitos, nosso país perpetua uma educação pífia. Retrato disso foi a obra de Salvatore D'Onófrio. Em vista do pouco ou nulo conhecimento dos alunos que lhe chegavam na UNESP, ele se viu obrigado a escrever uma espécie de enciclopédia básica para tentar suprir as deficiências culturais de seus discentes.

Triste não? Mas é verdade.

Assim, caros leitores acometidos dessa "doença", façam como o velho parlamentar sugeriu a Churchill, finjam ser medianos (ou até mesmo burros) e mostrem aos poucos (e a poucos) que sua capacidade vai muito além daquilo que você representa diuturnamente a seus companheiros. Só assim não se ofende os medíocres.

Até a próxima!!!

Ps.: Cultura é algo diverso de inteligência. Todavia, para alguém que pretende ostentar um diploma, é necessário o mínimo de conhecimento cultural. Aliás, arrisco dizer que todos deveriam conhecer sua cultura, pois, para alguns sociólogos a cultura é que molda o homem (mas é sempre interessante e cômodo acharmos que nós é que moldamos a cultura, não é mesmo???).

Comentários

  1. Gostei muito do que li. Sua analogia perfeita, Congrats

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  2. Devia estar muito inspirada ou muito indignada, pois, relendo o texto, confesso que me surpreendi. Pena que ultimamente o tempo anda escasso para novas produções.

    Obrigada pela leitura, volte sempre!!!

    Um grande abraço!!!

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  3. Rs....Engraçado, quando estamos indignadas sofremos de uma "incontinência verbal" e o resultado muitas vezes é certeiro!!Hoje voltei a reler suas colocações...A sugestão dada a Churchil é mais do que atual! Uma pena...

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