Marco Aurélio

Meu filho foi, definitivamente, a melhor coisa que já aconteceu na minha vida. Minha gravidez foi um passeio entre enjôos e azias, mas nada tirava a felicidade de estar grávida. Os melhores momentos foram os ultrassons. Nesses dias, nada me irritava, ria pras paredes.

Desde o início, Marco mostrou a que veio, um menino pra lá de inquieto (mexia muito, o tempo todo!!!) e já tinha personalidade. Para poder dormir, tinha de adequar minha posição às vontades dele. Caso contrário, recebia uma sessão de pontapés. Era ótimo!!!

Além de ter sido uma grávida muito feliz, fui bastante paparicada. No trabalho todos regulavam o que eu comia, o que eu bebia, não me deixavam carregar peso. Na faculdade, tinha gente que, em vez de assistir às aulas, alisava a minha imensa barriga. Coçavam a minha barriga só para ver o menino mexer. Quando tinha de ministrar algum seminário ou expor algum trabalho, ninguém olhava pra mim, só pra minha barriga. E o carismático menino não deixava por menos, parecia que sabia que estavam olhando pra ele e não parava quieto! Depois me pediam o resumo da explicação, por não conseguirem parar de olhar para a minha barriga.

Sempre tive medo de agulhas, hospitais, cirurgias, médicos, etc. Fiz todos os exames de sangue, tomei as três doses de anti-tetânica sem fazer o alarde habitual. Quem me conhece sabe, só muiiiiiiiiiito amor pra me fazer passar por essa maratona toda.

Então, nasceu em 11 de outubro de 1999, aquele meninão de 4 quilos e 52,5 cm. Eu olhava pra ele, olhava pra minha barriga e dizia: "Por que você não saiu antes??? Devia estar muiiiiiiiiiiiiiito apertado aqui dentro!!! Como você conseguiu???" Lembro que no final da gravidez andava feito uma pata e não conseguia fechar as pernas ao me sentar. Ele realmente era muito grande.

No berçário, o mocinho conquistou todas as enfermeiras. Minha médica dizia que ele não parava no berço, todas queriam segurá-lo.

Dormir não é um verbo que o Marco conjugue bem. Ele não dorme, o sono o nocauteia. Ele desmaia. Depois que (finalmente) entrega-se a Morfeu, nada o acorda!!!! Se acordado, o humor é igualzinho ao da mãe!!!

Aprendeu a andar com 9 meses. Aos 2 anos falava de tudo, com aqueles errinhos fofos de criança. A primeira palavra que falou foi "gol". Sim, "gol"! Nada de "papai", "mamãe".

Sempre foi muito carinhoso. Adoro deitar no colo dele. Ele adora mexer no meu cabelo. Beijos, abraços. Assistir a desenhos agarrados. Dizer e ouvir, do nada, "sabia que eu te amo?"! Dar e levar broncas.

Marco Aurélio foi a pessoa que mais me ensinou nessa vida. É lindo ver como ele se preocupa com o bem estar das pessoas. O quanto ele repudia brigas, discussões. E o tanto que ele se esforça em promover a união de todos. É tímido com quem não conhece. Mesmo calado, escondendo-se atrás de mim, ele conquista a estima de quem quer que seja. Ele tem uma energia boa, muito boa.

Um dos maiores elogios que ouvi veio de um primo que não é dos mais chegados em criança. Fomos passar uns dias na casa dele em Uberlândia e, numa de nossas conversas, ele solta: "seu filho é muito legal, não é chatinho, não é mimadinho, é muito legal, gosto dele".

Não, ele não é nenhum santo, tem seus momentos de mima (eu também tenho os meus: "Filho, mamãe tá de mima!!!" Ele vem, me abraça e me põe pra deitar no colo dele. Aí, dá-lhe cafuné!!!).
Tem horas que eu acho que sou extremamente rígida e, por vezes, exagerada em minhas broncas. Mas, como acontece com todos os que eu amo muito, temos a relação de olhares. Ele sabe quando eu percebo que exagerei. Ele vê nos meus olhos a minha sensação de tristeza, de culpa até. Vem, me dá um beijo e começa a conversar sobre vários assuntos. É o nosso "fiz café".

Noutros momentos, ele nota que eu estou triste (mesmo que eu esteja gargalhando, ele nota!!! Incrível isso... Niguém mais repara, só ele). Nessas horas, ele não diz nada, só chega perto e faz questão que eu fique do lado dele (parece me vigiar, pra ver até onde a tristeza vai). E fica ali, me vigiando, me distraindo, me fazendo ver que aquela tristeza vai passar. O olhar dele me diz isso, do mesmo jeito que o meu olhar me entrega. Se pudesse traduzir o diálogo dos olhares seria algo assim:
- Mãe, tô vendo que você está disfarçando a sua tristeza. Vem cá.
- Tô nada filho, não tá vendo que eu tô rindo???
- Mãe, você não me engana. Vem cá ou eu grudo em você.
- Tá bom, tô indo.

Ele fala. Como fala!!! (não sei a quem puxou!!!). E fala sobre tudo, pergunta sobre tudo.

Claro que brigamos, principalmente por conta dos desenhos (justo na hora de "As terríveis aventuras de Billy e Mandy"!!!!). Já notei que faz de pirraça (também não sei a quem puxou!!!), porque depois começa a rir como quem diz "te peguei!!!". Ele é fantástico.

Como eu o amo!!! É um amor diferente, é leve!!! Não tem posse. Ele é meu filho, mas é também meu amigo, às vezes meu pai, às vezes meu irmão. É diplomata que ele só. Bagre ensaboado perto dele é fichinha (também não sei a quem puxou!!!). Consegue a proeza de não ser egoísta. Divide tudo!!! Dos brinquedos ao amor.

Eu tenho uma peculiaridade. Quando é amor, eu amo a pessoa, independente de ser minha mãe, meu filho. Amo o Marco Aurélio não por ser meu filho, mas pelo Marco. E sou grata por ser a mãe dele. Grata mesmo!!! Desde a primeira vez que eu soube que ele viria, que eu o senti, que eu o vi, notei que ele seria uma pessoa maravilhosa, muito maravilhosa. E, como é bom poder falar isso, esse sonho ele não me frustrou. Ele é maravilhoso!!!

Há pais que sonham em ter um filho que se torne médico, diplomata, advogado, etc. A única coisa que eu sempre quis foi ter um filho que fosse uma excelente pessoa. Isso eu já sei que tenho. O que ele pretende ter por profissão é escolha dele, só dele. E, naquilo que ele escolher, ele contará com o meu apoio. Nunca vou me afastar. Ele pode até passar algum tempo longe dos meus olhos (quando alguém o "seqüestra", a madrinha é um bom exemplo), mas nunca longe de mim, pois o meu amor o acompanhará sempre. Aliás, não é isso que é o amor??? Longe ou perto, sempre se sabe a quem se ama e quem nos ama. Amo o Marco e sei que ele me ama.

Até a próxima!!!

Ps.: Antes que morram de saudade, aviso que ficarei uns diazinhos sem postar, pois estou indo hoje para São Paulo. Volto segunda-feira.
Ps2: Há duas coisas que agradeço na vida, ser filha de D. Dolores e mãe de Marco Aurélio. Da mesma forma que a minha mãe, se Deus me desse a chance de escolher meu filho, jamais teria escolhido melhor!!!

Comentários

  1. Andrea,

    Linda narração! Perfeito o elo mãe-filho, amigo-amigo.

    A sua relação com o Marquinho(já estou na intimidade!) é bela, é uma riquesa inestimável! Muito lindo o gesto seu de tê-lo, desde o princípio, como um dos dois melhores presentes da vida...

    Andrea, seu filho é exatamente o filho que quero para mim... Um menino(ou menina) carinhoso e sereno! Uma pessoa de caráter.
    Eu também quero colocá-lo no meu colo e dizer-lhe mil e uma vezes "Eu te amo, meu filho". Quero ser o seu melhor amigo. O seu "brother". Quero ser um exemplo para ele, e para isso farei de tudo que possível!

    A vida é, para mim, quase sempre um mar de esmo. Mas se há algo verdadeiramente norteador nesta vida, é o amor. Ele é que me conduz.

    Beijos, Amiga! E seja feliz com seu filho lindo!

    ResponderExcluir
  2. Oi, Rafa!!!

    Mas não poderia ser diferente: o Marco é, decididamente, o melhor presente da minha vida.

    Dizem que filho tem muito de índole (o que não é mentira), mas esteja certo: você será o exemplo dele. Se quiser um filho carinhoso, seja carinhoso; se quiser que ele seja sereno, seja sereno e dê-lhe segurança. O difícil é dosar isso tudo com a autoridade (que não podemos perder). Até na hora de dar as famosas "broncas" tem que ser coeso e mostrar que você o está ensinando a ser uma pessoa melhor.

    Bjus!!!!

    Andrea

    ResponderExcluir
  3. Looking for information and found it at this great site... » »

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Desabafe!!!

Postagens mais visitadas deste blog

A carta de Olívia a Eugênio

A diferença entre pessoas sem caráter e mau caráter...

A importância da segunda chance...